Contratação dos médicos cubanos: o que há por trás disso?
Domingo, 12 de maio de 2013
A propósito do burburinho que se formou a respeito da contratação de 6.000
médicos cubanos pelo Governo brasileiro, quero tecer alguns comentários e
informar algumas coisas que me foram reveladas por um médico cubano, amigo
meu de longa data. Por questão de segurança, pois ele ainda tem familiares
vivendo na ilha-cárcere como reféns, eu vou chamá-lo de Ernesto.
Ernesto formou-se em 1984 numa faculdade de medicina de Havana. Naquela
época ainda não existia a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), que só
foi fundada em 1999 e hoje produz médicos em série, como numa fábrica.
Conta-me ele que em seu tempo o curso era em 6 anos, como aqui, mas que
todos os formandos se graduavam como médico da família e quem quisesse se
especializar em outro ramo da medicina teria que cursar mais 3 anos na
especialidade escolhida. Desses 6 anos, desde o primeiro até o terceiro ano
constava no currículo o estudo do marxismo-leninismo, como materialismo
dialético, materialismo histórico e ainda história do movimento operário
cubano e da revolução de Fidel. Essa escola, entretanto, e apesar do ódio
visceral aos norte-americanos, seguia o currículo e a bibliografia da Escola
Norte-Americana de Medicina, pois Fidel seguia as política e ideologia da
extinta URSS mas sabia que a medicina mais avançada era a ianque.
Quando já havia cumprido sua especialização em gastrenterologia (3 anos),
Ernesto decide sair de Cuba a qualquer preço, quando uma amiga lhe fala que
estavam enviando médicos para outros países. Não era condição sine qua non,
mas davam preferência àqueles que fossem filiados ao Partido Comunista. Ele
recebeu uma proposta de filiação e, por incentivo da família, como uma
maneira de escapar da ilha, filia-se e é enviado para trabalhar em
Pernambuco (PE) em 1997, num convênio firmado entre o Ministério da Saúde do
governo de FHC e Cuba, o programa médico de saúde da família. A seleção
foi feita em Miramar, num organismo estatal chamado Colaboração
Internacional que tem vários departamentos: Departamento África,
Departamento Caribe, Departamento América Latina, etc., e durante a
entrevista foi-lhe dito que teria que, nas horas vagas, trabalhar como
comissário político, ao qual ele recusou-se.
Durante sua permanência em PE, ele foi alocado na prefeitura de uma cidade
do interior, recebendo uma casa para morar com mais outras pessoas e uma
empregada, alimentação e o salário de R$ 700,00. O governo federal pagava à
Embaixada de Cuba por cada médico a importância de R$ 3.000,00, que
repassava à prefeitura a parte correspondente a cada médico, ficando com um
lucro de mais de 100%.
Com a criação do programa Barrio Adentro, criado por Chávez e Fidel Castro
em 2002, conta-me Ernesto que o curso de medicina da ELAN sofreu um processo
de aceleração e agora forma-se um médico em Medicina
familiar-comunitária em 5 anos, quer dizer, em apenas dois anos, uma vez
que os outros 3 são de doutrinação ideológica porque o objetivo não é formar
médicos e sim comissários políticos. E as provas disto abundam, conforme
se pode ver nos vídeos que seguem.
Neste primeiro vídeo, vários estudantes brasileiros da ELAN dão seus
depoimentos sobre sua experiência de estudar em Cuba. Desde 1999 o PT e Cuba
seu sócio no Foro de São Paulo (FSP), firmaram o primeiro convênio para
enviar estudantes brasileiros para estudar na recém-inaugurada ELAM - talvez
até tenha sido uma concepção do próprio FSP - como bolsistas, cujo edital de
seleção todo ano é publicado pelo site do PT, conforme se pode ler aqui.
Para concorrer a uma dessas bolsas é condição indispensável ser filiado ao
PT ou ao MST, conforme comprovam o edital e o vídeo.
Nestes depoimentos, todos os estudantes afirmam ser militantes do braço
armado do PT, o MST, e a última a dar seu depoimento confirma o que me
informou Ernesto mais acima. Diz a estudante esta pérola: Espero voltar
para meu país e implantar esta semente revolucionária que estou vivenciando
aqui e que está me nutrindo. Esse vídeo não quer carregar, então,
assistam-no aqui.
No vídeo seguinte temos uma explicação sucinta do ex-espião cubano Uberto
Mario, sobre como começou o programa Barrio Adentro. Sobre este senhor, o
NOTALATINA fez uma edição em 26 de novembro de 2007, mas que não chamou a
atenção de ninguém, apesar da extrema gravidade, pois os brasileiros não
estavam interessados em saber o que se passava na Venezuela que eu vinha
denunciando há anos. Agora, com a vinda desses 6.000 agentes castristas ao
Brasil, é possível que desperte a curiosidade negligenciada antes... Vejam
as denúncias que Uberto faz:
Nesse próximo vídeo um médico venezuelano que desertou e hoje vive nos
Estados Unidos, conta como era sua vida na Venezuela. Saliento que a maioria
dos médicos (ou profissionais de outras categorias) cubanos se submetem a
sair do país deixando alguém da família como refém (também foi assim com
Ernesto), na esperança de fugir do paraíso e pedir asilo em outro país. O
Dr. José Luis de La Cruz, entrevistado nesse vídeo, conta - e confirma o que
disse Ernesto - que ao chegar à Venezuela recebeu um lugar para morar,
alimentação e um salário que era, no seu caso, U$ 160 dólares, enquanto
Chávez pagava a Fidel U$ 800 a U$ 1.200 dólares por pessoa. Da ideia de
liberdade, o Dr. José Luis só soube quando deixou a Venezuela, pois segundo
o regulamento, eles têm que voltar para seus alojamentos às 5 h. da tarde
e de lá não podem mais sair. Mas assistam ao vídeo e conheçam as
barbaridades que sofrem esses cubanos no vídeo abaixo:
E, finalmente, convido-os a assistir esse vídeo do ex-espião Uberto Mario
que publiquei em 2007, sobretudo a partir do minuto 08h55min, onde ele fala
sobre como os médicos cubanos são controlados e espionados até em seus
telefonemas pela Embaixada de Cuba que retransmite TUDO para o controle da
ditadura comunista dos Castros.
Ernesto me contou ainda que o encurtamento do curso da ELAM, além do
objetivo de doutrinação ideológica, impede a validação dos diplomas nos
países de destino, de modo a que seus agentes não desertem como fizeram
tantos já desde a Venezuela. Ele me confirmou também que os médicos que
foram para a Venezuela têm seus passaportes retidos pela Embaixada e do
mesmo modo que conta Uberto Mario nesse vídeo recebem uma cedulação
venezuelana para poderem votar, um documento que não tem qualquer valor
legal fora da Venezuela.
Depois de juntar e analisar todos esses dados, me parece que algumas coisas
ficam bem claras. A vinda desses médicos cubanos ao Brasil serve a alguns
fins: fazer doutrinação marxista e enaltecer a revolução cubana e, de
passagem, enaltecer o governo brasileiro angariando votos para as eleições
de 2014. Como a eleição de Maduro está ameaçada, pois a oposição desta
vez não aceitou calada a monumental fraude praticada por lá, os Castro
querem se assegurar de que se perderem a boca venezuelana terão outra de
reserva por aqui... Afinal, esses 6.000 médicos cubanos vão custar aos
cofres públicos, isto é, o nosso bolso, a bagatela de U$ 792 milhões. Se
considerarmos o dólar a R$ 2,00, o custo aproximado será de UM BILHÃO,
QUINHENTOS E OITENTA E QUATRO MILHÕS DE REAIS, que poderiam construir
ambulatórios e hospitais nos locais menos assistidos, pois os médicos
brasileiros não querem ir para os rincões mais distantes por FALTA DE
CONDIÇÕES DE TRABALHO!
E, para terminar, os questionamentos que me inquietam são: quem vai
espionar esses médicos no Brasil? Já temos espiões instalados aqui de
maneira encoberta e a sociedade que vai pagar esta farra não sabe? Onde vão
ficar os censores, em um comando central na Embaixada em Brasília ou cada
cidade vai ter seu corpo pessoal de espiões?
Mais do que saber se esses médicos vêm mesmo tratar de diarreia, catapora ou
pressão alta, é preciso saber dessas questões político-ideológicas e de
espionagem, pois se não cuidarmos, não tardará acontecer o mesmo que ocorreu
na Venezuela, que já se transformou numa colônia de Cuba.
Se você ama o Brasil, pense nisso.
Quero agradecer a Christoffer Alex Souza Pinto pela inestimável ajuda que me
prestou.
Fiquem com Deus e até a próxima!
Francisco Vianna